Essa postagem foi retirada do livro "Tratamento e Reabilitação de Fraturas" dos autores Hoppenfeld e Murthy.
- É para todos os usuários que sofreram alguma fratura recentimente. Ao ler, terá uma idéia do que está ocorrendo em você neste exato momento.
Consolidação óssea
- Dependendo do método escolhido pelo seu médico para o seu tratamento (Quadro 01), a consolidação óssea pode ser primária ou secundária.
- A consolidação óssea primária ocorre com o contato direto e íntimo entre os segmentos fraturados. O osso novo cresce diretamente através das extremidades ósseas comprimidas, a fim de unir a fratura. A consolidação primária do osso cortical (camada mais externa e dura do osso) é muito lenta e não pode unir lacunas (espaço vazio) na fratura. Habitualmente a formação de calo ósseo (tecido que se refaz entre os fragmentos de osso fraturado e que os solda) ocorre aproximadamente duas semanas depois do momento da lesão. Esse é o único método de consolidação de fratura quando é realizada uma fixação rígida da fratura por compressão. A fixação rígida exige contato cortical direto e uma vascularização intramedular intacta. O processo de consolidação depende basicamente da reabsorção osteoclástica do osso, seguida pela formação osteoblástica de osso novo.
- A consolidação óssea secundária denota mineralização e substituição, por osso, de uma matriz cartilaginosa com um aspecto radiográfico característico de formação de calo. Quanto maior for a mobilidade no local da fratura, maior será a quantidade de calo. Esse calo de união externa aumenta a estabilidade no local da fratura, por aumentar a espessura do osso. Isso ocorre com a aplicação de um aparelho de gesso e fixação eterna, bem como com a aplicação de hastes intramedulares na fratura. Esse é o tipo mais comum de consolidação óssea.
Para saber mais sobre tipos, classificação, entre outras coisas sobre fraturas acesse neste link da FisioWeb.
- Os três principais estágios de consolidação da fratura (Figura 01), conforme descrição de Cruess e Dumont, são (1) fase inflamatória (10%), (2) fase reparativa (40%), e (3) fase de remodelamento (70%). Essas fases se superpõem, e os eventos que ocorrem principalmente numa fase podem ter
começado numa fase anterior.
- A duração de cada estágio varia, dependendo da localização e gravidade da fratura, lesões associadas, e idade do paciente.
A fase inflamatória dura aproximadamente 1 a 2 semanas. Inicialmente, a fratura incita uma reação inflamatória. O aumento da vascularização que envolve a fratura permite a formação de um hematoma de fratura, que em breve será invadido por células inflamatórias, como neutrófilos, macrófagos, e fagócitos. Essas células, inclusive os osteoclastos, funcionam de modo a eliminar o tecido necrosado, preparando o terreno para a fase reparativa. Radiograficamente, a
linha de fratura pode torna-se mais visível à medida que vai sendo removido o tecido necrosado.
A fase reparativa habitualmente dura vários meses. Essa fase é caracterizada pela diferenciação de células mesenquimatosas pluripotenciais. O hematoma de fratura é então invadido por condroblastos e fibroblastos, que depositam a matriz para o calo. Inicialmente, forma-se um calo mole, composto principalmente de tecido fibroso e
cartilagem com pequena quantidade de osso.
Então, os osteoblástos são responsáveis pela mineralização desse calo mole, convertendo-o num calo duro de osso reticulado e aumentando a estabilidade da fratura. Esse tipo de osso é imaturo e fraco em termos de torque; portanto não pode ser submetido a estresse. União retardada e pseudartrose são decorrentes de erros nessa fase da consolidação óssea. A conclusão da fase reparativa fica indicada pela estabilidade da fratura. Radiograficamente linha de fratura começa a desaparecer.
A fase de remodelamento, que leva de meses a anos para se completar, consiste em atividades osteoblásticas e osteoclásticas que resultam na substituição do osso reticulado desorganizado e imaturo por osso lamelar, organizado e maturo, o que aumenta ainda mais a estabilidade do local fraturado. Com o passar do tempo, o canal medular vai gradualmente sendo reformado. Ocorre
reabsorção do osso das superfícies convexas e formação nova de osso nas superfícies côncavas. O
processo permite alguma correção das deformidades angulares, mas não das deformidades rotacionais. Radiograficamente, é habitual que a fratura não seja mais visualizada.
Figura 01 - Estágios da Fratura
A - Fratura;
B - Alinhamento e redução da fratura;
C - Fase inflamatória;
D - Fase reparativa;
E - Fase de remodelamento.
- A questão que se deve levar em conta para sua reabilitação é: Saber em que estágio sua fratura está, para evitar uma descarga de peso precoce que possa vir a retarda sua recuperação. Procure um médico e o fisioterapeuta da sua confiança!
Quadro 01 - Princípios dos Dispositivos de Fixação.
Referência Bibliográfica
HOPPENFELD S. ;MURTHY V. L.Tratamento e Reabilitação de Fraturas. São Paulo: Manole, 2001.